domingo, 20 de novembro de 2011

Bichinho

Já que me alimento de você, acho que deveria me apresentar. 
Prazer, eu sou... não sei quem eu sou. Não sei se sou verme, parasita, ou apenas um preguiçoso que gosta de viver às suas custas.
Às custas do seu bom humor, da sua auto estima, da sua confiança... mas eu sou gente boa, eu juro. Mas eu tenho fome e preciso me alimentar de alguma coisa, então, escolhi você, linda. 

Vou explicar como funciona:  sabe quando você está se sentindo bem, quando as coisas parecem estar perfeitas, eu vou lá e estrago tudo. Quando você pensa que nada mais pode dar errado, eu aciono a Lei de Murphy. Entendeu direitinho? Eu não deixo você ser feliz, nem pensar que você pode ser. Quando você se sente bonita, eu lhe apresento o espelho e digo que não, você não está. 
Quando você quer dizer alguma coisa, calo sua boca ou substituo por algo bem idiota.
Quando alguém lhe diz um desaforo, te impeço de dizer algo inteligente e te deixo quietinha.

Sou também o responsável por todas as suas dúvidas, incertezas e acessos de raiva. Apareço sem motivo, sumo sem motivo. Estranho, né? Estranho até pra mim, e tenho certeza que você está me xingando de todos os nomes nesse momento (e com razão, acho que se eu mesmo tivesse um bichinho desses dentro de mim, não faria diferente). 
Mas eu só faço isso porque tenho sua inconsciente permissão. Eu sei que de certa forma você gosta de mim. Você só não esperava é que realmente houvesse um culpado pra isso, e o culpado sou eu."Culpado", porque eu sei você gosta de me cultivar, mas você mesma não percebia isso. Eu sei que você gosta quando eu não deixo as outras pessoas pensarem bem ou mal de suas atitudes que eu repreendo, o problema é que tudo tem o preço, e o que você paga é que elas acabam pensando que você é boba, antipática ou insana. Mas eu sou tão bom que te dou a vontade de gritar que você não é nada disso... mas só a vontade, mais do que isso perde a graça (pra mim, claro).


Enfim, escrevo para dizer que estou aqui e dar uma justificativa dos seus ultimos questionamentos: "porque tem que ser assim?", "porque eu nao disse isso?" "porque eu nao posso ter uma vida normal?". Acho que por fazer parte de você, lhe devo um esclarecimento. Mas não pense que isso vai me fazer mudar, porque eu estarei aqui, firme e forte, esperando a próxima oportunidade de te deixar pra baixo.
Espero que você consiga (sobre)viver comigo.

Atenciosamente,
Bichinho.
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Nota da autora: Declaro guerra!

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