domingo, 30 de agosto de 2009

Capítulo 5 - Bilhetinho azul

Mais um pedido de casamento era tudo o que eu não precisava no momento. Se eu não estivesse em juízo perfeito, eu teria saído de lá correndo.
Aquilo não era um pedido, era uma intimação.

Aceitar era um passaporte para uma vida infeliz. Eu teria que abrir mão de Sérgio, não queria ser uma esposa infiel.
Era óbvio que eu ia recusar. Nós morávamos juntos apenas, o que dava total liberdade pra sair de lá quando quisesse, sem me preocupar com divórcio e afins. E seria isso mesmo o que ia fazer dali a alguns minutos, após uma discussão que eu provocaria, justamente para provar a mim mesma que acabou. Após tudo isso, iria direto me encontrar com meu psiquiatra e iríamos para um lugar bem longe dali.

Nada disso aconteceu. Minha coragem resolveu se esconder em algum canto, eu não conseguia achá-la.

E então? — Esqueci que ele ainda estava lá, esperando uma resposta.

Precisava de tempo. Muito tempo até chegar a uma solução decente.

— Preciso de tempo — Foi o que eu disse.

Seu sorriso já não era mais presente. Era claro que alguma coisa estava errada: em situações normais, àquela altura já estaríamos pensando em uma data.
Eu ia deixar aquele pedido em aberto, nunca daria uma resposta, ainda que me pressionasse ou chantageasse. Estava tudo muito bem, não precisava mudar.
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Vai aceitar?
Mais um dia no consultório de Sérgio. Percebi que ele prendia o riso.

— Não sei. E não ria, não é engraçado.
A segurança dele me irritava. Como ele conseguia rir correndo o risco de ser trocado?

— Se aceitar... vai continuar vindo aqui? — Eu esperava por essa pergunta. Não sabia o que fazer quando chegasse aos meus ouvidos.

Não quero te perder. Mas não suportaria a ideia de ser uma esposa infiel.
— Uma aliança a mais ou a menos não faz diferença. Pode pensar no meu pedido também. Quando quiser vir, não se reprima, estarei pronto para fugir com você.

Eu tinha que tomar alguma decisão. Não podia ficar do jeito que estava, tinha que escolher entre alguém que eu amei por anos e uma paixão que surgiu do nada.
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Acordei tarde no outro dia, já sabendo o que fazer.
Luis não estava em casa, por isso foi mais fácil do que pensei. Peguei minha bolsa e pus nela algumas roupas, documentos e escova de dentes.Fui até a cozinha e comi uns biscoitos, só para não sair de barriga vazia.
Passei na sala e procurei um bloco que deixo ao lado do telefone. Quando o achei, peguei uma caneta e escrevi:


Luis,

Saí, e não vou voltar. Nunca pensei que fosse fazer isso, mas foi a saída mais justa que encontrei. Não quero que fique à espera de uma resposta que nunca terá.
Sei que não me perdoará, mas tente entender: eu não queria continuar te enganando. Minhas consultas com Sérgio eram, na verdade, encontros. Sim, eu te traí com alguém que você achou que poderia resolver meu problema. Dói muito ter que admitir isso, mas não vejo outra saída. Não pense que o problema é você, pelo contrário, sou eu. Te quero bem, e por isso acho que você merece alguém melhor que eu.

Me desculpe, foi o melhor que consegui fazer,
Elisa

Deixei aquele bilhetinho azul em cima da mesa, seria a primeira coisa que ele veria.
Abri a porta, e acho que pelo costume, fechei com a chave e a guardei na bolsa. Seria uma lembrança do que vivi ali.
Fui até o consultório de Sérgio. Fiz exatamente o que ele disse: não me reprimi e estava ali, pronta para viver com ele.

Quando lá cheguei, só tinha uma pessoa na salinha de espera. Uma mulher, carregando uma bolsa de viagem. Quase ri da coincidência, mas com certeza ela não tinha deixado tudo para trás pra viver um romance.
Não esperei muito até que Sérgio aparecesse. Sorri ao vê-lo, mas ele não retribuiu. Viu quem estava ao meu lado e ficou sério.

— Pronto, amor, quando vamos? — Perguntou uma voz estranha. Percebi que a moça que estava esperando comigo se levantou, também sorria.

Não respondeu. Não tirava os olhos de mim.

— Sérgio? — Perguntou ela, novamente, após um minuto, aproximadamente.

Precisei de cinco segundos até entender o que acontecia. Para não ficar sozinho, fez a mesma proposta a duas pessoas diferentes. Aquela que viesse primeiro, ganharia o prêmio. O problema foi as duas chegarem ao mesmo tempo.
Apenas saí. Não disse nada.
No pensamento, apenas me perguntava como pude ter sido tão estúpida ao ponto de trocar o certo pelo duvidoso. As lágrimas rolavam quando cheguei à rua.

Vaguei pelas ruas até pensar no que fazer. Lembrei do pedido que estava sem resposta enquanto procurava por algum lenço. Na busca, encontrei as chaves. Talvez a fechadura ainda fosse a mesma.

Fui até lá, não custaria nada tentar.
E ao chegar, pus a chave na fechadura e abriu. Luis estava perto da mesa, onde deixei o bilhete.
Quando o vi, lembrei de todos os momentos bons e ruins que havíamos passado juntos.

— Eu aceito.

Era o pagamento mínimo pelo o que pretendera fazer.
Ele sabia a que me referia. Sorriu quando meu ouviu.
Corri, e o abracei. Aproveitei o momento para rasgar a prova de que um dia eu perdi o juízo.

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Me sentia como uma rainha em seus braços.Para mim, tudo era como um sonho, do qual eu jamais queria acordar.No momento em que fechei os olhos, foi como se toda a minha vida passasse diante de meus olhos, como em um filme.

— Parece um sonho.É tudo o que eu sempre quis, de verdade.

— Um sonho do qual nunca vou deixar você acordar.

Ele me jogou na cama e me beijou.
A partir daquele momento, minha vida estava totalmente perfeita.

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Último capítulo. Demorou, mas chegou.
Foram cinco horas tentando escrever algo decente. Seu comentário é bem vindo, bote a boca no trombone e dê seu pitaco, amiguinho.

Eu nunca fiquei mais que uma semana pra atualizar o blog. atolada até o último fio de cabelo de dever de casa. Sem contar que chego tarde em casa, e essa semana tive 3 simulados.

Então, é isso.
Numa bela noite lua cheia, eu volto.

Bjsmil :*

6 comentários:

  1. é, milla, nós realmente não temos genio para matemática!
    AMEEEEEI amei mesmo,e tomara que vc termine esse livro logo ( vc nem começou ainda XP). Enfim, achei muito fodástico.

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  2. Oi! =)
    É a primeira vez que visito o Roxo Metálico, e você já me vem com um texto bom desses! xD
    Eu gostei sim, e vou procurar ler os outros capitulos.
    Beijos.

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  3. Oi Mila!! Obrigada pelo comentário, viu. Adorei o seu texto, quero ler os outros capitulos com calma,mas de cara já adorei o 5 º cap. beijos

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  4. Ah.. que gracinha...
    Ficou muito bom, porém me deus um odiozinho da Elisa. Ela se iludiu, ia dinspensar quem amava ela, e depois que tomou um toco, voltou pra "amor dela".
    Mas, tá lindo!!!
    Beijo

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  5. Nooossa, o final ficou ótimo! Assim, meio que eu não esperava. Meu lado demoníaco achou que Elisa ia fugir com Sérgio e Luís sofreria de depressão em uma masmorra escura.
    Mas meu lado sensato preferiu essa aí! ;D
    Ela percebeu que uma aventura não poderia terminar com um amor como o dela e do Luís, tão lindo!
    *o*
    Beijos

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  6. bellissimo texto
    prbns e 1 ves que
    eu entro gostei
    muito do blog.

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